No final de 2019, a revista Super Interessante tratou de algo que fazemos muito, mas poucos conseguem cumprir: sim, as resoluções de ano novo. Vale ler a matéria, mas, segue o dilema em 3 atos: 1) Muitos brasileiros fazem resoluções de ano novo, 2) Muitas dessas resoluções são relacionadas ao trabalho/carreira e 3) Chega fevereiro e muita gente desiste do plano.
Que maneira péssima de abrir uma conversa. Como a gente sai dessa?
Para contermos esse ciclo de desistência, devemos considerar que o cumprimento de uma meta de evolução na carreira está fortemente associado a um melhor entendimento do tipo de talento que o mercado tem demandado. Promessas sussurradas enquanto pulamos as ondinhas, só terão nosso próprio engajamento, real e oficial, quando sentirmos que temos uma chance concreta dela se efetivar.
A ideia é que sejamos mais catalisadores de oportunidades, operando menos no regime “broadcasting”, afinal, apenas anunciar ao mundo nossas qualidades, seja no currículo ou no LinkedIn, não trará automaticamente a oportunidade amada em 3 dias. Movimentar-se é preciso.
Com projetos, em especial na área de comunicação, cada vez mais multi, inter e transdisciplinares, a demanda de talentos nessa indústria tem sido pautada pelos tão desejados perfis híbridos. Pessoas que naveguem bem entre o estratégico e operacional, profissionais versáteis que tenham uma compreensão sistêmica de seu papel nas empresas.
Vamos dar um exemplo: um profissional que desenvolva conteúdos para marcas. Muitas vezes, a ideia mais comum é associar essa posição a alguém que escreva bem. No entanto, com as demandas de indexação no Google e engajamento nas redes sociais, surgem outras necessidades tão importantes quando uma boa redação. Estar por dentro da matemática do SEO e produzir roteiros criativos para vídeos e podcasts já fazem parte do “escrever bem”.
Outro exemplo bem atual: o profissional dedicado ao relacionamento com influenciadores. Em um contexto onde influenciador pode ser um colunista do jornal, um popstar fashion digital ou o dono do bar da esquina e relacionamento pode ser uma presença vip ou um contato de WhatsApp, ser íntimo da lista dos top 10 digital influencers, pode, muitas vezes, não significar muita coisa. A maneira como se estrutura os dados de um mailing pode ser tão importante quanto o contato em si.
Não se trata de uma aniquilação das especialidades, mas de não nos escondermos atrás delas. Zagueiros seguem na defesa e atacantes na área adversária, mas fazer gol e não deixar que o oponente o faça é, e sempre será, uma tarefa do time todo. Trazendo para a comunicação, no brainstorming nosso de cada dia, muitos insights fundamentais têm surgido de pessoas que trazem consigo uma colisão de competências. O gol que agências, departamentos de marketing e comunicação, veículos, produtoras, consultorias, entre outros, precisam fazer depende disso.
O momento é favorável para desenvolvermos esse hibridismo. Com a profusão de cursos rápidos, presenciais ou digitais, oferecidos por universidades de todas as regiões do globo, podemos testar áreas novas e ampliarmos nossa visão de mundo, criando um olhar mais plural, algo tão necessário para esse contexto complexo, desafiador e instigante que o mercado vive hoje.
Fábio Siqueira é sócio da Talquimy e responsável pelo curso livre de Branded Content na Faculdade Cásper Líbero

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